sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Carta aberta à Maria

Saudações,

Depois de mais de dois meses de ausência, eis que estou de regresso. Sem querer explicar-vos os motivos da minha ausência prolongada, queria ir directo ao assunto de destaque ocorrido durante a minha ausência: o nascimento da Maria. Aos pais, mais uma vez parabéns pelo assinalável trabalho, já que o rebento tem ares de roçar a perfeição.

Maria: no Verão quente de 2010 em que nasceste vivíamos num país ridiculo. Vivíamos num País em que pedófilos condenados pelo tribunal, iam para a rua dar conferências de imprensa, participavam em debates televisivos e passavam férias no Algarve. Havia deputados na nação a assassinarem milionárias idosas no Brasil. Vivíamos num país onde o seleccionador nacional sofria de problemas mentais graves. Lembro-me de discutir com o teu pai, a possibilidade de nasceres no dia em que Portugal poderia ser campeão do mundo de Futebol. Que tolitos eu e o teu pai. Quando aflorámos essa possibilidade, devíamos estar com um momentâneo ataque de senilidade, dada a bipolaridade óbvia de que padecia o senhor e a sua clara falta de competência. Felizmente, esse problema foi resolvido no dia em que te escrevo este relato. Neste nosso país, discutia-se na altura a introdução de portagens em algumas auto-estradas do país. O grande problema parecia ser a forma de pagamento dessas portagens. Havia gente que dizia que não se podia exigir a todos os condutores que andassem com uma maquininha no carro que cobrasse de forma automática. Maria, na Áustria desde os anos 80 que as pessoas andam com um simples autocolante no carro que lhes permite circular nas auto-estradas. Os turistas, quando entram no país de carro, têm uma loja onde podem comprar o dito autocolante. Tínhamos um primeiro ministro com nome de filosofo grego, que quando estiveres a ler isto já vive no Brasil. Havia um senhor chamado Godinho, que tinha um bigodinho muito engraçado e que oferecia presentes à malta toda. Não deves saber o que é, mas na altura havia um clube de futebol chamado Futebol Clube do Porto, que tinha um presidente cheio de piada e que mandava na futebol português. Havia montes de provas que o incriminavam, mas como na altura não havia o conceito de prisão em Portugal, esse senhor foi viver para o Brasil com o outro senhor de nome Grego. Havia algumas palavras fundamentais no léxico da nossa língua: Caso, Crise e défice.

Como vês Maria, a altura as coisas não eram fáceis. Já na altura dizíamos (ah mas temos sempre sol e praia, por isso estamos bem).

Poderia continuar a contar-te os inúmeros problemas que na altura se viviam em Portugal, mas ias ficar mal disposta. Com isto que te conto já vais perceber o quanto ganhámos pelo facto de hoje em dia , Portugal ser governado pela União Europeia e estes problemas já não se colocarem.

Maria, não queria acabar sem te mostrar a música que na altura eu e o teu pai ouvíamos. Vai-te parecer estranho mas na altura era o que de melhor se fazia:



Saudações

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